A REPÚBLICA DE WEIMAR 1919-1933

9 de Novembro de 1918: Proclamação da República Alemã em frente ao Reichstag


O advento da República Alemã entre novembro de 1918 e julho de 1919 foi um fato novo e surpreendente que rompeu com a aparente coerência do período histórico de quase um século – e foi um evento violento, do ponto de vista simbólico e prático, e carregado de paixões: para a extrema esquerda significou esperança, e imediata decepção; para a social democracia e o centro político, um triunfo cercado de expectativas diante da possibilidade de efetivação de uma democracia parlamentar e liberal, baseada na proclamação de direitos fundamentais consignados constitucionalmente. Por sua vez, o espectro ultraconservador sentiu o trauma da dissolução do ancien régime: não apenas a “ameaça comunista”, mas também a fuga do Kaiser, da aristocracia, a derrota do exército e, sobretudo, a formalização jurídica de um conjunto de normas, regras, leis que confrontavam as formas de autoridade vigentes até então, e que transformavam súditos em cidadãos. Uma catástrofe acrescida de uma derrota militar denegada de muitos modos: exemplar foi a denúncia do Armistício como uma “punhalada pelas costas” dos “inimigos da Alemanha”, “contra verdade” que se tornará credo da direita conservadora e nacionalista. Acrescente-se a tudo isso uma crise econômica permanente (hiperinflação, desemprego), associada à instabilidade política crescente, além da realidade da ocupação militar de partes do território (Ruhr) e dos efeitos das onerosas reparações impostas à Alemanha pelos vitoriosos na Grande Guerra. O pluralismo democrático que orientava o regime estabelecido em Weimar era fruto, em grande medida, da atividade de juristas liberais (e alguns poucos de esquerda) que forjam um esboço de democracia social, em composição política com a social democracia – e apoio relutante das elites conservadoras.